@PHDTHESIS{ 2020:1839961688, title = {Há uma base biológica na seleção de plantas medicinais? Uma avaliação a partir de sistemas médicos locais}, year = {2020}, url = "http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9347", abstract = "A presente tese tem como objetivo entender a relação entre o gosto das plantas medicinais e sua seleção para compor farmacopeias locais. Para isso, utilizamos duas vias de investigação: 1) avaliar se a percepção de gosto influencia a seleção de plantas medicinais para tratar conjunto de doenças específico e se a aceitabilidade de gostos varia de acordo com cada tipo de gosto presente nas plantas medicinai; 2) avaliar se a base biológica da percepção quimiossensorial de gosto amargo influencia características dos sistemas médicos, especificamente a atribuição do papel social de especialista local, o hábito de ser experimentador novas plantas medicinais e o conhecimento sobre plantas com gosto. Coletamos os dados com moradores maiores de 18 anos em cinco comunidades localizadas no Parque Nacional do Catimbau. Registramos o conhecimento sobre plantas medicinais utilizando listas-livre e os atributos de gosto, aceitabilidade de gosto e alvos terapêuticos por meio de entrevistas. Os especialistas locais foram identificados por meio da validação local e os experimentadores por duas perguntas objetivas. A base biológica foi mensurada por meio de um teste de limiar de identificação de gosto amargo, utilizando soluções com concentrações crescentes de feniltiocarbamida. Encontramos que plantas de gosto amargo e travoso são usadas para tratar um conjunto de doenças específicas, corroborando as evidências da literatura. No entanto, as associações foram distintas entre as cinco comunidades estudadas, indicando que provavelmente que a associação entre o gosto da planta e a finalidade terapêutica dependa mais de fatores culturais do que outros aspectos. Plantas com gosto doce possuem maior aceitabilidade enquanto plantas amargas possuem menor aceitabilidade de gosto. Provavelmente mecanismos psicofisiológicos e culturais influenciam a aceitabilidade de gostos amargos ou repugnantes, favorecendo a ingestão de plantas com esse tipo de gosto. Encontramos que a sensibilidade na percepção de gosto amargo não influencia a atribuição do papel social de especialistas locais nem o hábito de experimentar novas plantas medicinais. Essa sensibilidade também não está associada ao conhecimento sobre plantas medicinais com gosto. Provavelmente essa base biológica teve papel fundamental no início do uso de plantas medicinais pela espécie humana, mas não influencia a relação entre gosto e a seleção de plantas nas farmacopeias atuais. Futuros estudos poderiam buscar entender se a percepção quimiossensorial de gosto influencia a seleção de plantas por populações sedentárias e semisedentárias, uma vez que essas comunidades costumam lidar com ambientes que variam no tempo e espaço.", publisher = {Universidade Federal Rural de Pernambuco}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza}, note = {Departamento de Biologia} }