@PHDTHESIS{ 2022:1950319985, title = {Como os humanos constroem tradições médicas? O papel do ambiente e da história de vida na memória e na transmissão cultural}, year = {2022}, url = "http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9346", abstract = "Essa tese faz parte do esforço em se entender como a memória humana evoluiu para fixar informações sobre doenças e como essas informações emergem em grupos humanos por meio do processo de transmissão cultural. Seres humanos possuem uma memória adaptada para a sobrevivência que apresenta plasticidade, fixando informações sobre diferentes tipos de ameaças que podem ser originárias de ambientes ancestrais ou recentes, apesar dessa ideia ser controversa. Nesse sentido, não sabemos quais fatores são responsáveis por modular essa plasticidade na memória, possibilitando que algumas informações recebam melhor recordação do que outras. Evidências sugerem que fatores ambientais, como a regularidade de acometimento por ameaças e fatores relacionados à história de vida humana, como a experiência anterior com ameaças, podem ser responsáveis por essa modulação. No entanto, não sabemos se a regularidade guia as informações que serão mais bem recordadas, tampouco, se ela está associada a doenças que são mais regulares no ambiente atual ou com doenças que foram mais regulares ao longo da história evolutiva humana. Além disso, não sabemos se doenças que surgiram pela primeira vez em ambientes ancestrais também podem orientar a recordação, por isso controlamos se esse fator influenciaria na memória. Em contrapartida, apenas investigar quais fatores orientam uma melhor fixação de informações na memória sem avaliar se esses mesmos fatores guiam a difusão de informações sobre doenças em grupos humanos pode nos levar a uma visão simplista sobre o comportamento humano em relação a essas ameaças no mundo real. Assim, investigamos, ainda, se fatores como a regularidade, ancestralidade e experiência prévia com doenças estariam por trás da disseminação de informações em grupos humanos. Portanto, investigamos se a maior regularidade, experiência prévia e a ancestralidade da doença atuam como vieses de aprendizagem levando a uma difusão tendenciosa de informações. Para testar nossas alegações criamos um modelo com diferentes tipos de doenças como estímulos a serem lembrados e transmitidos. Para testar se a maior regularidade de doenças ao longo do tempo evolutivo influência na recordação e transmissão de informações, agrupamos as doenças em enfermidades de alta regularidade (agudas) e baixa regularidade (crônicas). Para testar se a regularidade da doença no ambiente atual afeta a recordação e o compartilhamento de informações, agrupamos as doenças agudas e crônicas em enfermidades de alta e baixa incidência na população adulta brasileira. Para investigar o efeito da experiência prévia com a doença, avaliamos os seus efeitos na memória e na difusão de informações. Para investigar o efeito de doenças que tiveram sua origem em ambientes ancestrais, agrupamos as doenças agudas e crônicas em ancestrais e modernas. Nossos resultados mostraram que doenças mais regulares ao longo do tempo evolutivo (agudas) e a experiência prévia com doenças melhoraram as informações recordadas, enquanto doenças mais regulares no ambiente atual (alta incidência), e ancestrais foram menos recordadas. Além disso, observamos que a maior regularidade de doenças ao longo do tempo evolutivo (agudas) atuou como um viés de conteúdo na transmissão cultural, orientando a transmissão mais fidedigna de informações. Outro viés de conteúdo também foi observado para doenças ancestrais. No entanto, doenças de experiências prévias e de alta incidência não apoiaram nossas suposições sobre possíveis vieses de contexto na transmissão cultural, não influenciando na precisão das informações transmitidas. Em síntese, argumentamos que a melhor recordação e a transmissão mais fidedigna de informações sobre doenças se deram, devido à maior regularidade dessas enfermidades ao longo da história evolutiva de nossa espécie que exerceu maior pressão seletiva sobre a cognição humana.", publisher = {Universidade Federal Rural de Pernambuco}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza}, note = {Departamento de Biologia} }