@PHDTHESIS{ 2017:1538498537, title = {Ecologia e sustentabilidade do extrativismo do ouricuri (Syagrus coronata (Mart.) Becc.) pelos índios Fulni-ô no Nordeste do Brasil em um cenário de mudanças ambientais e culturais}, year = {2017}, url = "http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7279", abstract = "A questão central que motivou o desenvolvimento desta tese de doutorado foi compreender como as mudanças culturais e ambientais interferem na relação entre grupos humanos e os recursos naturais disponíveis no ambiente. Especificamente, esse trabalho buscou: (i) verificar se a etnicidade e fatores socioeconômicos estavam relacionados com a utilização de uma espécie culturalmente importante por um grupo indígena; (ii) investigar a sustentabilidade das práticas de extração e a percepção dos extrativistas sobre mudanças na abundância das populações dessa espécie ao longo do tempo; e (iii) observar se a extração de folhas dessa espécie e as características do ambiente interferiam na estrutura populacional e nas taxas de produção de folhas e infrutescências pelos indivíduos. Realizamos entrevistas semiestruturadas, utilizamos métodos participativos junto ao povo indígena Fulni-ô de Águas Belas, Pernambuco, Nordeste do Brasil e coletamos dados ecológicos da espécie de palmeira Syagrus coronata (Mart.) Becc. (ouricuri) em locais de coleta de folhas indicados pelos extrativistas. Também coletamos informações de etnicidade de indígenas artesãos (que utilizam e não utilizam as folhas do ouricuri para a produção de artesanato) e de indígenas não artesãos. Nossos resultados evidenciaram que o conhecimento e a coleta de folhas de S. coronata eram mantidos por aqueles que diversificavam os recursos para a produção de artesanato. Ademais, coletores de folhas eram mais jovens e possuíam outro tipo de ocupação além do artesanato, indicando que a diversificação de renda e de recursos contribuiu para a manutenção da prática de coleta de folhas de ouricuri. Artesãos que utilizavam a palmeira possuíam maior etnicidade em comparação com artesãos que não utilizavam esse recurso e com indígenas não artesãos, evidenciando que a utilização da espécie e a manutenção da etnicidade do povo indígena Fulni-ô estavam relacionadas. A sustentabilidade da prática extrativista foi explicada apenas pelo tempo de experiência da coleta e verificamos baixa convergência entre a abundância percebida e a abundância mensurada das populações de S. coronata. Os Fulni-ô percebiam a escassez do recurso, porém indicaram que a causa principal é o arrendamento de terras, o que sugere dificuldades no estabelecimento de estratégias direcionadas a conservação da espécie. Por meio dos dados ecológicos, verificamos que a extração de folhas pareceu não prejudicar a estrutura populacional e a produção de folhas e infrutescências de S. coronata, porém áreas antropizadas não se mostraram favoráveis para o bom estabelecimento de populações da espécie. Concluímos que fatores socioeconômicos, mudanças culturais e ambientais influenciavam a relação dos Fulni-ô com a palmeira ouricuri. Além disso, evidenciamos que a conservação de espécies culturalmente importantes se mostra extremamente necessária em um cenário no qual os sistemas de conhecimento ecológico tradicional detidos por grupos humanos estão em constante tranformação.", publisher = {Universidade Federal Rural de Pernambuco}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Botânica}, note = {Departamento de Biologia} }