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Tipo do documento: Tese
Título: Como os humanos constroem tradições médicas? O papel do ambiente e da história de vida na memória e na transmissão cultural
Título(s) alternativo(s): How do humans build medical traditions? The role of the environment and life history in memory and cultural transmission
Autor: SILVA, Risoneide Henriques da 
Primeiro orientador: ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino de
Primeiro coorientador: FERREIRA JÚNIOR, Washington Soares
Segundo coorientador: NASCIMENTO, André Luiz Borba do
Primeiro membro da banca: SCHIEL, Nicola
Segundo membro da banca: SILVA, Taline Cristina da
Terceiro membro da banca: CAMPOS, Juliana Loureiro de Almeida
Quarto membro da banca: SANTORO, Flávia Rosa
Resumo: Essa tese faz parte do esforço em se entender como a memória humana evoluiu para fixar informações sobre doenças e como essas informações emergem em grupos humanos por meio do processo de transmissão cultural. Seres humanos possuem uma memória adaptada para a sobrevivência que apresenta plasticidade, fixando informações sobre diferentes tipos de ameaças que podem ser originárias de ambientes ancestrais ou recentes, apesar dessa ideia ser controversa. Nesse sentido, não sabemos quais fatores são responsáveis por modular essa plasticidade na memória, possibilitando que algumas informações recebam melhor recordação do que outras. Evidências sugerem que fatores ambientais, como a regularidade de acometimento por ameaças e fatores relacionados à história de vida humana, como a experiência anterior com ameaças, podem ser responsáveis por essa modulação. No entanto, não sabemos se a regularidade guia as informações que serão mais bem recordadas, tampouco, se ela está associada a doenças que são mais regulares no ambiente atual ou com doenças que foram mais regulares ao longo da história evolutiva humana. Além disso, não sabemos se doenças que surgiram pela primeira vez em ambientes ancestrais também podem orientar a recordação, por isso controlamos se esse fator influenciaria na memória. Em contrapartida, apenas investigar quais fatores orientam uma melhor fixação de informações na memória sem avaliar se esses mesmos fatores guiam a difusão de informações sobre doenças em grupos humanos pode nos levar a uma visão simplista sobre o comportamento humano em relação a essas ameaças no mundo real. Assim, investigamos, ainda, se fatores como a regularidade, ancestralidade e experiência prévia com doenças estariam por trás da disseminação de informações em grupos humanos. Portanto, investigamos se a maior regularidade, experiência prévia e a ancestralidade da doença atuam como vieses de aprendizagem levando a uma difusão tendenciosa de informações. Para testar nossas alegações criamos um modelo com diferentes tipos de doenças como estímulos a serem lembrados e transmitidos. Para testar se a maior regularidade de doenças ao longo do tempo evolutivo influência na recordação e transmissão de informações, agrupamos as doenças em enfermidades de alta regularidade (agudas) e baixa regularidade (crônicas). Para testar se a regularidade da doença no ambiente atual afeta a recordação e o compartilhamento de informações, agrupamos as doenças agudas e crônicas em enfermidades de alta e baixa incidência na população adulta brasileira. Para investigar o efeito da experiência prévia com a doença, avaliamos os seus efeitos na memória e na difusão de informações. Para investigar o efeito de doenças que tiveram sua origem em ambientes ancestrais, agrupamos as doenças agudas e crônicas em ancestrais e modernas. Nossos resultados mostraram que doenças mais regulares ao longo do tempo evolutivo (agudas) e a experiência prévia com doenças melhoraram as informações recordadas, enquanto doenças mais regulares no ambiente atual (alta incidência), e ancestrais foram menos recordadas. Além disso, observamos que a maior regularidade de doenças ao longo do tempo evolutivo (agudas) atuou como um viés de conteúdo na transmissão cultural, orientando a transmissão mais fidedigna de informações. Outro viés de conteúdo também foi observado para doenças ancestrais. No entanto, doenças de experiências prévias e de alta incidência não apoiaram nossas suposições sobre possíveis vieses de contexto na transmissão cultural, não influenciando na precisão das informações transmitidas. Em síntese, argumentamos que a melhor recordação e a transmissão mais fidedigna de informações sobre doenças se deram, devido à maior regularidade dessas enfermidades ao longo da história evolutiva de nossa espécie que exerceu maior pressão seletiva sobre a cognição humana.
Abstract: This thesis is part of the effort to understand how human memory evolved to fix information about diseases and how this information emerges in human groups through the process of cultural transmission. Human beings have a memory adapted for survival that presents plasticity, fixing information about different types of threats that may originate from ancestral or recent environments, although this idea is controversial. In this sense, we do not know which factors are responsible for modulating this plasticity in memory, allowing some information to receive better recall than others. Evidences suggest that environmental factors, such as the regularity of attacks by threats and factors related to human life history, such as previous experience with threats, may be responsible for this modulation. However, we do not know whether regularity guides information that will be better remembered, nor whether it is associated with diseases that are more regular in the current environment or with diseases that have been more regular throughout human evolutionary history. Furthermore, we do not know whether diseases that first emerged in ancestral environments can also guide recall, so we controlled whether this factor would influence memory. On the other hand, just investigating which factors guide a better fixation of information in memory without evaluating whether these same factors guide the dissemination of information about diseases in human groups can lead us to a simplistic view of human behavior in relation to these threats in the real world. Thus, we also investigated whether factors such as regularity, ancestry and previous experience with diseases would be behind the dissemination of information in human groups. Therefore, we investigated whether greater regularity, previous experience and ancestry of the disease act as learning biases leading to a biased diffusion of information. To test our claims, we created a model with different types of diseases as stimuli to be remembered and transmitted. To test whether the greater regularity of diseases over evolutionary time influences the recall and transmission of information, we grouped diseases into diseases of high regularity (acute) and low regularity (chronic). To test whether disease regularity in the current environment affects recall and information sharing, we grouped acute and chronic diseases into high- and low-incidence illnesses in the Brazilian adult population. To investigate the effect of previous experience with the disease, we evaluated its effects on memory and information diffusion. To investigate the effect of diseases that originated in ancestral environments, we grouped acute and chronic diseases into ancestral and modern. Our results showed that more regular diseases over evolutionary time (acute) and previous experience with diseases improved recalled information, while more regular diseases in the current environment (high incidence), and ancestors were less remembered. In addition, we observed that the greater regularity of diseases over evolutionary time (acute) acted as a content bias in cultural transmission, guiding the more reliable transmission of information. Another content bias was also observed for ancestral diseases. However, diseases from previous experiences and high incidence did not support our assumptions about possible context biases in cultural transmission, not influencing the accuracy of the transmitted information. In summary, we argue that the best recall and the most reliable transmission of information about diseases occurred due to the greater regularity of these diseases throughout the evolutionary history of our species, which exerted greater selective pressure on human cognition.
Palavras-chave: Etnobiologia
Memória adaptativa
Doenças
Informação
Transmissão cultural
Área(s) do CNPq: CIENCIAS BIOLOGICAS
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Sigla da instituição: UFRPE
Departamento: Departamento de Biologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza
Citação: SILVA, Risoneide Henriques da. Como os humanos constroem tradições médicas? O papel do ambiente e da história de vida na memória e na transmissão cultural. 2022. 126 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/9346
Data de defesa: 22-Fev-2022
Aparece nas coleções:Doutorado em Etnobiologia e Conservação da Natureza

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