@PHDTHESIS{ 2017:2044096271, title = {Construção de indicadores etnobiológicos para monitoramento participativo da diversidade biológica}, year = {2017}, url = "http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7783", abstract = "A perda da diversidade biológica se constitui em um dos principais problemas ambientais da atualidade. Diante deste cenário, a criação de áreas protegidas tem sido a principal estratégia para tentar conservar os recursos naturais e conter a perda de diversidade biológica. Apesar do aumento da quantidade de áreas protegidas, no Brasil e no mundo, muitas críticas têm sido feitas quanto à efetividade dessa estratégia de conservação diante do persistente declínio da diversidade biológica. Para mitigar essas perdas, acordos internacionais, como Convenção sobre Diversidade Biológica, têm estabelecido que o monitoramento sistemático e a utilização de indicadores são estratégias fundamentais para monitorar as tendências na abundância e distribuição de espécies, e avaliar o estado de conservação das mesmas. Indicadores são ferramentas que simplificam a complexidade de um conjunto de dados e informações disponíveis, facilitam a comunicação e contribuem para a tomada de decisões. De modo geral, sistemas de monitoramento são realizados por especialistas (i.e. pesquisadores ou funcionários de áreas protegidas), entretanto, a escassez de recursos financeiros das agências ambientais para manutenção das equipes de pesquisadores e de voluntários é vista como importante limitação desse tipo de abordagem. Nesse sentido, estudos têm defendido a incorporação do conhecimento ecológico local de populações que vivem no entorno de áreas protegidas no processo de monitoramento, uma vez que essas pessoas observam e monitoram continuamente vários sinais e sintomas relacionados a mudanças ambientais e a influência dessas mudanças sobre o estado de conservação das espécies. No entorno da Floresta Nacional do Araripe, localizada no estado do Ceará, Nordeste do Brasil, vivem populações humanas que dependem da extração de produtos florestais não madeireiros para geração de renda, com destaque para a extração de Caryocar coriaceum Wittm. (pequi) e Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. (janaguba), ambas espécies de grande importância socioeconômica e cultural. Sendo assim, o presente estudo foi realizado em uma unidade de conservação no Nordeste do Brasil e teve os seguintes objetivos: (i) identificar quais indicadores os extrativistas locais observam para avaliar o estado de conservação das espécies; (ii) avaliar se fatores socioeconômicos influenciam o conhecimento sobre os indicadores; e (iii) analisar a percepção dos extrativistas sobre o histórico de mudanças ambientais que vêm ocorrendo na área de estudo e como essas mudanças têm afetado o estado de conservação das espécies. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 61 extrativistas com idades entre 31 e 79 anos, para acessar o conhecimento que os extrativistas de pequi e janaguba possuem sobre os indicadores e se fatores sociais, como idade, sexo e tempo de experiência, influenciam nesse conhecimento. Neste caso, verificou-se que os extrativistas observam indicadores relacionados às práticas de manejo, a mudanças na estrutura populacional das espécies, a alterações no clima da região e mudanças ambientais. De modo geral, os fatores sociais avaliados não influenciam na distribuição do conhecimento entre os extrativistas, sugerindo que o conhecimento ecológico local sobre os indicadores observados e a avaliação do estado de conservação das espécies é difundido e comunicado entre as pessoas de ambos os sexos, e de diferentes gerações e níveis de experiência na atividade extrativista. Para alcançar o terceiro objetivo, foram realizadas oficinas participativas, e os resultados mostraram que os extrativistas possuem um amplo conhecimento sobre as mudanças ambientais que vem ocorrendo na região devido a modificações no regime de manejo da unidade de conservação. Para os extrativistas, essas mudanças vêm afetando negativamente as populações de pequi, sendo considerada como ameaçada de extinção local. Com base nos resultados desse estudo, consideramos que o conhecimento ecológico local dos extrativistas, oriundo das observações ao longo de muitas gerações, tem o potencial de ser incorporado em programas de monitoramento e avaliação do estado de conservação de espécies, promovendo a inclusão e o reconhecimento das populações locais nas tomadas de decisões em estratégias de conservação da diversidade biológica.", publisher = {Universidade Federal Rural de Pernambuco}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza}, note = {Departamento de Biologia} }