@MASTERSTHESIS{ 2013:411309224, title = {Amores e desventuras : as relações clandestinas e o combate aos casamentos costumeiros na cidade do Recife (1850-1891)}, year = {2013}, url = "http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/4793", abstract = "Desde o Concílio de Trento, no século XVI, a Igreja Católica procura combater as relações clandestinas, ou seja, as bigamias, os adultérios, os concubinatos/amasiamentos, os raptos e toda uma gama de relações sexuais que não foram abrigadas no âmbito privado. Para tanto, a Igreja lançou mão de um vasto corpo de leis direcionadas a regulamentação do viver de portas adentro, vigiando os passos, as condutas morais e sexuais e, até, pensamentos, a Igreja esteve presente no cotidiano recifense, contudo, essa vigilância não afastou a sociedade do dito pecado crime da prostituição, cometido por indivíduos que não colocavam em prática os sacramentos, sobretudo o matrimônio. O objetivo católico foi por fim ao fosso que separava os homens e mulheres, submersos nos seus afazeres cotidianos, da prática dos sacramentos. Nessa empreitada, as condutas clericais também foram colocadas em xeque, descortinando os desvios de condutas de alguns párocos e vigários, que não atenderam as expectativas tridentinas de diferenciação e decoro. Muitas das queixas, nas correspondências entre as paróquias e Vigária Geral, apontam à inobservância das leis canônicas, por parte prelados, que abriram brechas na normatividade eclesiástica para o estabelecimento de matrimônios irregulares. As questões de honra também entraram na pauta eclesiástica, como um elemento constitutivo da própria estrutura social e integrante da política sexual. Nessa perspectiva, as noções de honra adquirem um contorno social, afastando-se dos seus elementos puramente biologizantes, como a virgindade. Ser honrada, no Recife oitocentista, era, antes de tudo, atender ao modelo de mulher criado por uma sociedade misógina, que entendia a figura feminina apenas como filha, esposa e mãe, sendo, todas elas, submissa, honrada e devota. Contudo, nem todas as mulheres se moldaram passivamente a normatividade social e muitas delas trouxeram conflitos sociais, morais e sexuais, entregando-se a homens que lhes tinham prometido casamento, abandonando-as defloradas e, na maioria das vezes, grávidas. Os desvios de condutas de mulheres, que se deixaram deflorar sob promessas de casamentos, e de homens defloradores abriram caminho para que as instituições de controle social, como a Igreja e o Estado, adentrasse no sagrado recinto do lar, tornando os acontecimentos privados querelas públicas, que deveriam ser mediadas e penalizadas para que não se tornassem corriqueiras. Sendo assim, muitos homens foram obrigados a restituir a honra das mulheres defloradas mediante o casamento, mas nem todas foram dignas de tal benefício. Apenas àquelas que atenderam as expectativas sociais e morais foram agraciadas pela pelas presumidas benevolência dos mediadores, que entenderam a restituição da honra dessas mulheres como um ato de justiça, de moral e para alicerçar o sacramento do matrimônio, evitando a concepção de filhos ilegítimos.", publisher = {Universidade Federal Rural de Pernambuco}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em História}, note = {Departamento de História} }