Exportar este item: EndNote BibTex

Use este identificador para citar ou linkar para este item: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7783
Tipo do documento: Tese
Título: Construção de indicadores etnobiológicos para monitoramento participativo da diversidade biológica
Autor: SOBRAL, André 
Primeiro orientador: ALBUQUERQUE, Ulysses Paulino de
Primeiro coorientador: TORRE-CUADROS, María de los Ángeles la
Segundo coorientador: ALVES, Rômulo Romeu da Nóbrega
Primeiro membro da banca: ARAÚJO, Elcida de Lima
Segundo membro da banca: LUCENA, Reinaldo Farias Paiva de
Terceiro membro da banca: LEITE, Ana Virgínia de Lima
Quarto membro da banca: ANDRADE, Laise de Holanda Cavalcanti
Resumo: A perda da diversidade biológica se constitui em um dos principais problemas ambientais da atualidade. Diante deste cenário, a criação de áreas protegidas tem sido a principal estratégia para tentar conservar os recursos naturais e conter a perda de diversidade biológica. Apesar do aumento da quantidade de áreas protegidas, no Brasil e no mundo, muitas críticas têm sido feitas quanto à efetividade dessa estratégia de conservação diante do persistente declínio da diversidade biológica. Para mitigar essas perdas, acordos internacionais, como Convenção sobre Diversidade Biológica, têm estabelecido que o monitoramento sistemático e a utilização de indicadores são estratégias fundamentais para monitorar as tendências na abundância e distribuição de espécies, e avaliar o estado de conservação das mesmas. Indicadores são ferramentas que simplificam a complexidade de um conjunto de dados e informações disponíveis, facilitam a comunicação e contribuem para a tomada de decisões. De modo geral, sistemas de monitoramento são realizados por especialistas (i.e. pesquisadores ou funcionários de áreas protegidas), entretanto, a escassez de recursos financeiros das agências ambientais para manutenção das equipes de pesquisadores e de voluntários é vista como importante limitação desse tipo de abordagem. Nesse sentido, estudos têm defendido a incorporação do conhecimento ecológico local de populações que vivem no entorno de áreas protegidas no processo de monitoramento, uma vez que essas pessoas observam e monitoram continuamente vários sinais e sintomas relacionados a mudanças ambientais e a influência dessas mudanças sobre o estado de conservação das espécies. No entorno da Floresta Nacional do Araripe, localizada no estado do Ceará, Nordeste do Brasil, vivem populações humanas que dependem da extração de produtos florestais não madeireiros para geração de renda, com destaque para a extração de Caryocar coriaceum Wittm. (pequi) e Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. (janaguba), ambas espécies de grande importância socioeconômica e cultural. Sendo assim, o presente estudo foi realizado em uma unidade de conservação no Nordeste do Brasil e teve os seguintes objetivos: (i) identificar quais indicadores os extrativistas locais observam para avaliar o estado de conservação das espécies; (ii) avaliar se fatores socioeconômicos influenciam o conhecimento sobre os indicadores; e (iii) analisar a percepção dos extrativistas sobre o histórico de mudanças ambientais que vêm ocorrendo na área de estudo e como essas mudanças têm afetado o estado de conservação das espécies. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 61 extrativistas com idades entre 31 e 79 anos, para acessar o conhecimento que os extrativistas de pequi e janaguba possuem sobre os indicadores e se fatores sociais, como idade, sexo e tempo de experiência, influenciam nesse conhecimento. Neste caso, verificou-se que os extrativistas observam indicadores relacionados às práticas de manejo, a mudanças na estrutura populacional das espécies, a alterações no clima da região e mudanças ambientais. De modo geral, os fatores sociais avaliados não influenciam na distribuição do conhecimento entre os extrativistas, sugerindo que o conhecimento ecológico local sobre os indicadores observados e a avaliação do estado de conservação das espécies é difundido e comunicado entre as pessoas de ambos os sexos, e de diferentes gerações e níveis de experiência na atividade extrativista. Para alcançar o terceiro objetivo, foram realizadas oficinas participativas, e os resultados mostraram que os extrativistas possuem um amplo conhecimento sobre as mudanças ambientais que vem ocorrendo na região devido a modificações no regime de manejo da unidade de conservação. Para os extrativistas, essas mudanças vêm afetando negativamente as populações de pequi, sendo considerada como ameaçada de extinção local. Com base nos resultados desse estudo, consideramos que o conhecimento ecológico local dos extrativistas, oriundo das observações ao longo de muitas gerações, tem o potencial de ser incorporado em programas de monitoramento e avaliação do estado de conservação de espécies, promovendo a inclusão e o reconhecimento das populações locais nas tomadas de decisões em estratégias de conservação da diversidade biológica.
Abstract: The loss of biological diversity is one of the main environmental problems of our time. Given this scenario, the creation of protected areas has been the main strategy to try to conserve natural resources and contain the loss of biological diversity. Despite the increase in the number of protected areas in Brazil and in the world, many criticisms have been made regarding the effectiveness of this conservation strategy in the face of the persistent decline of biological diversity. To mitigate these losses, international agreements such as the Convention on Biological Diversity have established that systematic monitoring and use of indicators are key strategies for monitoring trends in species abundance and distribution, and assessing the conservation status of species. Indicators are tools that simplify the complexity of a set of available data and information, facilitate communication, and contribute to decision making. In general, monitoring systems are carried out by specialists (i.e. researchers or protected area officials), however, the scarcity of financial resources of environmental agencies to maintain the teams of researchers and volunteers is seen as an important limitation of this type of approach. In this sense, studies have advocated the incorporation of local ecological knowledge of local populations living in protected areas around the monitoring process, since these people continually observe and monitor various signs and symptoms related to environmental changes and the influence of these changes on the conservation status of the species. In the surroundings of a conservation unit in the Northeast of Brazil live human populations that depend on the extraction of non-timber forest products for income generation, especially the Caryocar coriaceum Wittm extraction. (pequi) and Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel. (janaguba), both species of great socioeconomic and cultural importance. Thus, the present study was carried out in a conservation unit in the Northeast of Brazil and had the following objectives: (i) to identify which indicators the local extractivists observe to evaluate the state of conservation of the species; (ii) to evaluate whether socioeconomic factors influence knowledge about indicators; and (iii) to analyze the extractivists' perception of the history of environmental changes that have been taking place in the study area and how these changes have affected the conservation status of the species. Semi-structured interviews were conducted with 61 extractivists aged between 31 and 79 years, to access the knowledge extracted by pequi and janaguba extractivists about the indicators and whether social factors such as age, sex and time of experience influence this knowledge. In this case, extractivists observed indicators related to management practices, changes in the population structure of the species, changes in the region's climate and environmental changes. In general, the socioeconomic factors evaluated do not influence the distribution of knowledge among the extractivists, suggesting that the local ecological knowledge about the observed indicators and the evaluation of the state of conservation of the species is diffused and communicated between people of both sexes, and Of different generations and levels of experience in extractive activity. To achieve the third objective, participatory workshops were held, and the results showed that the extractivists have a broad knowledge of the environmental changes that are occurring in the region due to changes in the management regime of the conservation unit. For the extractivists, these changes have negatively affected the pequi populations, being considered as threatened of local extinction. Based on the results of this study, we consider that the local ecological knowledge of the extractivists, coming from observations over many generations, has the potential to be incorporated in monitoring programs and evaluation of the state of conservation of species, promoting the inclusion and recognition of local populations in decision-making in biodiversity conservation strategies.
Palavras-chave: Etnobiologia
Diversidade biológica
Monitoramento
Área(s) do CNPq: CIENCIAS BIOLOGICAS
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Sigla da instituição: UFRPE
Departamento: Departamento de Biologia
Programa: Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza
Citação: SOBRAL, André. Construção de indicadores etnobiológicos para monitoramento participativo da diversidade biológica. 2017. 119 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Etnobiologia e Conservação da Natureza) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/7783
Data de defesa: 22-Ago-2017
Aparece nas coleções:Doutorado em Etnobiologia e Conservação da Natureza

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Andre Sobral.pdfDocumento principal2,23 MBAdobe PDFBaixar/Abrir Pré-Visualizar


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.