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Tipo do documento: Dissertação
Título: A cultura afro-brasileira como discursividade : histórias e poderes de um conceito
Autor: GOMES, Gustavo Manoel da Silva 
Primeiro orientador: BARBOSA, Lúcia Falcão
Primeiro membro da banca: SILVA, Wellington Barbosa da
Segundo membro da banca: SANTANA, Moisés de Melo
Resumo: Em 2003 o Estado brasileiro sancionou a Lei nº 10.639, tornando obrigatório o Ensino de História da África e da Cultura Afro-Brasileira. Hoje parece haver um consenso da relevância política, cultural e social deste ato, bem como da necessidade de realizar atividades que concretizem os princípios da referida Lei. Esta dissertação busca reconstruir alguns percursos históricos que respaldaram esta legislação a partir das produções histórico-discursivas do conceito de cultura afro-brasileira, elaboradas por intelectuais da academia e dos movimentos sociais negros, enquanto projetos políticos de reorganização da identidade nacional. Nosso propósito foi promover uma reflexão crítica aprofundada sobre as implicações políticas de cada versão conceitual da cultura afro-brasileira que pode ser assumida no Ensino de História. Neste trabalho tomamos Edward Said como referencial teórico-metodológico ao ponderar a perspicácia política na produção intelectual que se propõem a discutir identidades culturais. Neste sentido, analisamos os perfis dos sujeitos negros, os cenários, as situações sociais e as práticas culturais negras selecionados para compor as narrativas desses intelectuais ao mesmo tempo em que refletimos sobre as implicações políticas de cada conceituação de cultura afro-brasileira. Eni Orlandi é um referencial da análise do discurso que nos permite enxergar o conceito de cultura afro-brasileira como uma discursividade, um conceito aberto às diferentes significações negociadas e assumidas por distintos interlocutores, em contextos e com propósitos políticos específicos. Tomamos como corpus de análise: obras historiográficas que inauguraram paradigmas interpretativos sobre a cultura afro-brasileira; relatos orais de militantes negros, relatórios, Carta de Princípios e Programa de Ação do MNU, além de legislação específica que versa sobre o ensino de história e cultura afro-brasileira. A investigação nos fez perceber que ao longo do século XX intelectuais de diferentes momentos e com distintos propósitos observaram, analisaram, classificaram e definiram a identidade cultural negra, indicando os lugares simbólicos da cultura afro-brasileira em meio à “cultura nacional”. Eles não só reforçam uma tradição conceitual de um campo de estudos como também reconfiguraram, limitaram e atualizaram de forma generalizante a “cartografia cultural” dos afro-descendentes. Ao realizar uma análise histórico-discursiva dessas produções intelectuais percebemos que, conceitualmente, o campo da cultura afro-brasileira é um espaço de mediação de poderes políticos que é reconfigurado a cada instante sugerindo orientações e ações cotidianas às pessoas comprometidas com determinadas perspectivas políticas, fato que se reflete também no currículo do Ensino de História.
Abstract: En 2003, el gobierno brasileño promulgó la Ley N ° 10.639, a lo cual hizo de la enseñanza de la historia africana y Cultura Afro-Brasileña una obligatoriedad en las escuelas. Hoy en día parece que hay un consenso de las cuestiones políticas, culturales y sociales de esta ley, así como la necesidad de realizar actividades que pongan en práctica los principios de la Ley. Este ensayo intenta reconstruir algunas rutas históricas que apoyaron esta legislación a partir del concepto histórico de las producciones discursivas y culturales afro-brasileñas, elaborados por los intelectuales de la academia y los negros de los movimientos sociales con el objetivo de reorganización política de los proyectos de la identidad nacional. Nuestro objetivo ha sido desarrollar el pensamiento crítico sobre las implicaciones políticas de cada versión del concepto africano-brasileño cultural que puede suponer para la enseñanza de la Historia. En este trabajo tomamos Edward Said como teórico y metodológico por su perspicacia política de la producción intelectual que proponemos a discutir sobre las identidades culturales. En este sentido, se analizaron los perfiles de los sujetos de raza negra, escenarios, situaciones sociales y las prácticas culturales negras seleccionadas para componer los relatos de estos intelectuales, mientras reflexionamos sobre las implicaciones políticas de cada conceptualización de la cultura afro-brasileña. Eni Orlandi es un marco de análisis del discurso, que nos permite ver el concepto de la cultura afro-brasileña como un discurso, un concepto abierto a diferentes significados negociados y asumidos por los diferentes interlocutores en contextos específicos y con fines políticos. Tomamos como el análisis del corpus: obras históricas que abrieron paradigmas interpretativos sobre los afro-brasileños y su cultura, historias orales de militantes negros, los informes, la Carta de Principios y Programa de Acción de MNU, y la legislación específica que se ocupa de la enseñanza de la historia y la cultura africana-brasileña. Percibimos con la investigación que a lo largo del siglo XX los intelectuales de distintas épocas y con distintos propósitos han observado, analizado, clasificado y definido la identidad cultural negra, indicando los lugares simbólicos de la cultura afro-brasileña a través de la "cultura nacional". Ellos no hicieron sino reforzar una tradición de estudios del campo conceptual, así como reconfigurar, actualizar resumiendo los estudios a la generalización de la "cartografía cultural" de origen africano. Mediante la realización de un análisis histórico de estos intelectuales y sus producciones discursivas hemos visto que, conceptualmente, el campo de la cultura afro-brasileña es un espacio para la mediación del poder político que se pone a cero a cada momento que sugiere lineamientos y acciones cotidianas de personas comprometidas con ciertas perspectivas políticas, e eso también se refleja en el plan de estudios de la enseñanza de Historia.
Palavras-chave: Cultura afro-brasileira
Intelectuais
Discursividade
Poder
Cultura afro-brasileña
Intelectuales
Discurso
Área(s) do CNPq: CIENCIAS HUMANAS::HISTORIA
Idioma: por
País: Brasil
Instituição: Universidade Federal Rural de Pernambuco
Sigla da instituição: UFRPE
Departamento: Departamento de História
Programa: Programa de Pós-Graduação em História
Citação: GOMES, Gustavo Manoel da Silva. A cultura afro-brasileira como discursividade : histórias e poderes de um conceito. 2013. 183 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em História) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife.
Tipo de acesso: Acesso Aberto
URI: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/handle/tede2/4733
Data de defesa: 8-Fev-2013
Aparece nas coleções:Mestrado em História

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